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A disforma da boa forma

A disforma da boa forma

Dieta, corpo perfeito, treino, antes e depois, glúten, low carb. Basta abrir as redes sociais para sermos bombardeados com informações sobre CORPO. Ou melhor, sobre como ter um corpo estipulado como ideal. Mas ideal pra quem, cara pálida? A ideia não é ser feliz como somos? Então por que estamos tão angustiados?

A teoria do sentir-se bem na própria pele é linda. Mas na prática, ela é extremamente complicada. Somos frutos do meio em que vivemos e atualmente temos uma sociedade doente psicologicamente. Vivemos rodeados por informações que nos enfiam goela a baixo a necessidade de se conquistar um corpo “perfeito”. Mas como podemos falar de um corpo padrão num mundo tão múltiplo? Com genéticas tão diferenciadas. Com estilos de vida tão variados. E nos convencemos disso. Passamos a acreditar que precisamos disso. Do corpo. Perfeito. Magro. Seco. Abdômen marcado.

Veja bem, não estou falando sobre ser saudável. Isso é essencial. Estou falando da trágica escravização do corpo, da valorização excessiva do físico. Por que isso passou a ser tão importante pra gente?

O meio virtual está cruel, principalmente com as mulheres. Blogueiras fit não são estimulantes. Disseminam ideias sobre imagem corporal que viram regra. Elas só fazem a classe trabalhadora-donadecasa-semtempo se sentir deprimida. A odiarem o próprio corpo. A deixarem de ir à praia. A se olharem no espelho e se perguntarem “por que eu não consigo?”.

De repente todo mundo passou a ser juiz do corpo alheio: “Desbundada, Quadrada, Braço roliço, Ganhou peso?”. Nosso valor inicial está associado ao nosso físico e ficou feio ser gordo. O sentimento de inadequação só cresce. O medidor de felicidade está ligado ao nosso percentual de gordura.

Com isso, passamos a buscar metas que não são necessariamente pra gente, nos gerando ansiedade, compulsão e distúrbios alimentares. Nos comparamos a imagens de photoshop e gente com tratamentos estéticos. Passamos a viver com a difícil cobrança diária de ter barriga chapada. Ou com a sensação de fracasso quando a dieta não vai bem. De repente muita gente passou a admirar a “força interior” de quem leva marmita para um casamento. Essa pessoa pode ser feliz assim, mas será que os outros são menos fortes por aproveitarem a festa? Quem define nossos valores?

É claro que essa revolução fitness trouxe hábitos saudáveis para muita gente. Tem um mérito nisso tudo. Mas precisamos desesperadamente rever nossos conceitos de padrão e saúde. Precisamos entender que a beleza é algo muito subjetivo e que ela não precisa envolver um corpo sarado. E mais, é preciso exacerbar a beleza de dentro, usar nosso potencial para milhões de outras atividades também.

A pergunta que deixo é mais complexa do que aparenta pois acredito ser algo a ser desconstruído, mesmo sendo tão difícil. Desejamos um corpo “perfeito” porque queremos intrinsecamente isso, ou é a nossa necessidade de aprovação social que nos leva a crer que devemos ser assim? No fim as contas, acho importante buscar o equilíbrio de tudo. Ser mais bonito de alma do que de corpo, ser bonito de dentro pra fora, fazendo o que se gosta. Corpo sarado nunca garantiu a felicidade de ninguém.

Texto: Stéphanie Waknin
Imagem: Igor Morski

fonte: http://www.facebook.com/digestivoblog

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